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Perspectiva Analítica sobre o clipe: Principalmente me sinto arrasada de Luísa Sonza


"Principalmente me sinto arrasada" é mais um lançamento impactante de Luísa Sonza. Como promete o nome do novo álbum da artista, Escândalo Íntimo, a segunda música da obra, trouxe a continuação do que simboliza essa criação, a saúde mental da mulher (no caso a própria saúde mental dela). Não tão chocante visualmente falando e nem com tantas mensagens subliminares, mas tão sombrio e provocativo quanto o primeiro, afinal já está evidente que se trata das questões que a cantora precisa e precisou lidar durante sua jornada pessoal e profissional.

No clipe vemos a destruição ao redor, como um pós guerra, só resta os escombros, enquanto ela, numa interpretação genuína, performa uma boneca assombrada... que transmite em seu olhar dor e sofrimento enquanto sorri um sorriso amarelo e forçado. Juntando a percepção visual do clipe com a letra da música é possível em primeira análise notar que se trata de uma "confissão" ou desabafo emocional, como vemos no trecho:

"Faz tanto tempo que eu tô cansada Faz tempo que eu atento contra o tempo e não consigo nada Queria odiar você Queria conseguir ter raiva de você

Tua falta me cansa..."



Por ser famosa e ter sua vida desde cedo escancarada, muitos podem fazer analogias da letra aos ex-relacionamentos dela, mas que também se encaixaria perfeitamente em qualquer relação que envolva dependência emocional, situações tóxicas, abusivas ou de abando. E convenhamos, a maioria das mulheres sabe muito bem os efeitos da falta de amor próprio e da dependência emocional de qualquer relação, podendo ser amorosa, familiar, de amizade ou profissional. Ao mesmo tempo que escancara essa vulnerabilidade, ela traz falas duras e escrachadas como: "Tomar no cu quem acha graça / Grito na cabeça, voz que me sai arranhada/ E eu não faço porque os outros querem que eu faça/ Puta que pariu, eu tô surtando de irritada/ Que caralho eu tô fazendo dando essa rimada?" mostrando sinais de quem está abeira de um "burnout emocional", de quem se sente insuficiente diante tudo. A imagem da "boneca sombria" somada ao trecho anterior também faz alusão à "marionete", como uma boneca que deseja cortar as correntes que a prendem para tomar as rédeas da própria vida. A letra e a construção do álbum mostra claramente que existe um trabalho pesado ( para o desagrado de alguns conspiracionistas, não relacionado à pactos diabólicos - risos), de autoconhecimento e auto análise, somente possíveis com muita terapia obviamente e por isso que me chamou tanta atenção desde o lançamento. Sendo evidente tal ponto, no refrão sereno:

"Eu não podia mais abrir mão de mim

Eu juro que eu fiz tudo que eu pude

Mas te agradeço tudo que vivi e vi com você

Me fez ser quem sou hoje".

Além dos aspectos citados, analisando a primeira música e essa segunda, podemos fazer um paralelo de que a primeira música fala sobre ansiedade, compulsão e "mania" e a segunda de depressão, "hipomania", sugestionando um quadro de bipolaridade ou de transtorno de personalidade borderline. (não sou especialista em diagnóstico, deixo isso com minhas colegas psicólogas e psiquiatras, porém, estudo muito sobre o assunto). Fechando com chave de ouro "todo esse rolezão" profundo, Luísa Sonza, que não está de brincadeira, traz um deboche no fim da música ressaltando ali um que de SINDROME DA IMPOSTORA, perceba: "Menina, tá ficando muito tarde Tá tocando o teu alarme Tu tem coisa pra fazer

Para de choramingar! Reage, maluca! Sai da viagem Tu não é mais um nenê

Será que alguém vai querer saber? Ou ninguém mais tá interessado no que eu tenho a dizer? Será que eu sou uma fraude? Bom, já, já vamos ver Certeza que eu tô à beira de enlouquecer" A maioria das mulheres que se escolhem e escolhem seus sonhos e projetos, trazem esse sintomas de insegurança e insuficiência, é um dos relatos mais comuns nos meus atendimentos e uma das queixas que mais contribuem para o sofrimento emocional dessa população.

As duas músicas me atravessaram, me identifiquei como mulher e como profissional da saúde e bem-estar feminino, bem que dizem por ai que a música tem o poder de falar aquilo que nem sempre a gente consegue expressar. E você, o que achou? Qual seu ponto de vista sobre as músicas? Como você se sentiu afetada por elas? Com carinho, Ligia Cruz Guitério Terapeuta Holística e Analista

 
 
 

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